sábado, 29 de dezembro de 2012

Coisas da Vida: Adeus, 2012. E não volte!


Esta é quase uma postagem de protocolo. Chega o fim do ano e somos inundados com aquelas postagens-retrospectivas e eu já começo dizendo que esta não vai ser muito além disso.

Esta música, além de ser uma das minhas favoritas, tem tudo a ver com o que estou sentindo por agora.

2012 foi um ano de quedas. E haja quedas! Não sei se cheguei no fundo do poço, mas senti por várias vezes como se tivesse sido. Coisas que eu nunca pensei que aconteceriam comigo, conflitos que eu pensava já ter resolvido, tudo veio à tona e sem pedir licença.

Eu só sei que, quando percebi, estava rodeado de problemas com os quais eu não tinha noção nenhuma de como lidar. Eu via tudo meio como uma corrente. "Eu não posso resolver isso se eu não resolver aquilo. Mas se eu resolver aquilo, isso aqui vai dar treta. Mas se eu mexer nisso aqui, aquilo lá vai dar problema logo logo..." Tudo se entrelaçava de uma maneira tão absurda que a única maneira de não fazer tudo cair ao mesmo tempo era ficar bem ali onde eu estava. E não tinha sofrimento maior que isso.

Foi quando eu descobri uma luz gigantesca chamada amizade. Pessoas muito especiais "decidiram" assumir um papel muito especial na minha vida. Entre aconselhamentos, sociais divertidas ou a simples presença e companhia, essas pessoas estiveram ali, incentivando para eu ver que as coisas não eram assim. As coisas eram ruins sim. Talvez eu até estivesse realmente lutando com a Hidra de Lerna e suas cabeças replicantes, mas eu tinha como matar esse monstro.

A questão é que eu sempre vejo os meus problemas como muito maiores do que eles realmente são. E se eles já são grandes, eu vejo uma montanha de problemas na minha frente. Mas acontece que eu posso sim cuidar de uma coisa de cada vez. Eu posso deixar uma coisinha em banho-maria, deixar a outra de lado, desacelerar o ritmo daquela outra, de maneira que eu possa focar nesta aqui e ir desemaranhar esta teia. Parar de olhar para os meus problemas com uma lupa foi um passo gigantesco para o meu crescimento pessoal.

E com a ajuda dessas figuras essenciais, hoje estou experienciando um dos melhores momentos que tive na vida em muito tempo. Ela não está perfeita, eu, inclusive, ainda tenho uma penca de problemas pra resolver. Entretanto, eu estou com o espírito leve e sei que tudo vem a seu tempo e eu posso me dar o tempo de resolver cada coisa de cada vez. Ou ao mesmo tempo, sei lá. O fato é que eu não preciso fazer tudo de uma vez. Afinal, a Muralha da China não foi construída em um só dia, por que a minha vida seria?


No fim das contas, 2012 foi um ano escroto. Mas também foi um ano de ascensão, um ano de muito aprendizado. Sou outra pessoa, muito diferente daquele rapaz que começou o ano. Olhando o cenário geral, eu posso dizer que não me arrependo do que aconteceu, mas não viveria tudo de novo de jeeeeeeeito nenhum. Sei que ainda tenho muito a caminhar e com certeza virei deixar o registro de muita coisa que possa vir a acontecer ou aqueles momentos meio down que sempre acontecem.


E eu quero desejar a todos um feliz ano novo e que 2013 seja um ano totalmente diferente do que foi 2012, mesmo se, pra você, este foi um ano excelente. Afinal, ficar na mesma é muito ruim! Uma hora enche o saco (quem adivinhar meu signo ganha um doce! hahahha)!








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E é isso. Acredito que esta seja a última postagem do ano. Recebi alguns feedbacks do meu blog e fico muito feliz que as pessoas gostem e acompanhem meus devaneios. Feliz mesmo. Podem ficar tranquilos que eu continuarei postando aqui. Não faço promessas maiores quanto à periodicidade, mas eu sempre pulo por aqui pelo menos duas vezes ao mês.

Beijos e abraços e [quando eu descobrir quando vai ser o próximo fim do mundo, faço uma contagem regressiva aqui] até a próxima!

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Letra e Música: A música de Chico Buarque e o amor entre dois homens


Antes de mais nada, quero frisar que eu sou da opinião de que a intenção do autor não é determinante na interpretação de uma música. Influencia, mas não determina. De forma que uma obra de arte só se completa quando entra em contato com o receptor. E aí entra toda a subjetividade de cada um. As vivências e as visões de mundo de cada um.

Para melhor entender este texto, é necessário conhecer esta música. Letra aqui

Sem Fantasia é uma das músicas mais lindas de Chico Buarque (falar de músicas lindas de Chico chega a ser redundância :p). Chico sempre foi conhecido por "entender" a alma feminina. Uma interpretação recorrente dessa canção é a relação entre o desenvolvimento de um homem e a mulher. Enquanto a mulher "floresce" antes, tanto física quanto psicologicamente, o homem, sempre muito apegado à sua meninice, sempre chega lá mais tarde.

E a música fala justamente disso. Duas pessoas que se encontram em fases diferentes da vivência, mas, apesar de tudo, desejam compartilhar desse amor, não importa se ainda é fraco e tolo, e não forte e sagaz, mas a consumação desse amor é altamente desejada.

Minha interpretação é exatamente esta do último parágrafo, mas difere quanto ao que foi falado no parágrafo anterior a ele. Eu gosto de entender que a música fala de um relacionamento entre dois homens. Enquanto um, já avançado em seu processo de auto-aceitação, que pede encarecidamente para que seu amado venha, não importando seus conflitos internos e suas aflições.

Já o outro, que ainda novo nessa trilha da auto-aceitação, depois de tanto sofrer, faz questão de mostrar as marcas que ganhou nas lutas que travou com o 'rei' e nas discussões que teve com Deus. Faz questão de dizer que agora é um homem crescido, é homem bastante para seu amado.

E assim, mesmo tendo trilhado caminhos separados, cada um amadurecendo a seu tempo, agora os ponteiros se encontram e eles podem usufruir desse amor.

Eu acho bem pouco provável que Chico tenha pensado nisso ao compor a música, mas, como eu disse no primeiro parágrafo do texto, eu gosto de entendê-la assim, independente do que o compositor quis dizer com a letra.

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E por hoje é só. Eu tinha escrito um post sobre o fim do mundo, mas ficou uma bosta, então nem publiquei. Talvez eu reescreva e publique antes de sexta-feira, afinal, tem que ser antes do mundo acabar. haahahhahahha

Coloquei essa versão do Chico cantando com Caetano só como ilustração. Eu gosto muito da voz da Maria Bethânia para esta canção (ela, inclusive, é irmã de Caetano, caso haja por aqui algum desavisado...).

Beijos, abraços e aproveitem seus últimos três dias de mundo.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Coisas da Vida: Sobre depressão e julgamentos


É tão fácil falar e dar pitaco sobre a vida dos outros! É claro. Retirando do contexto maior, tudo fica muito simples. Mas não há como simplesmente isolar um fato de todo o resto da existência e fingir que é só isso.

Não tem muito a ver com a postagem, mas eu estava com essa música na cabeça, então aqui está, caso queiram ouvir enquanto leem a postagem

Um amigo estava conversando comigo há alguns meses sobre um outro amigo dele que dizia estar em depressão e como era ridículo o cara dizer estar deprimido, quando a vida dele era tão boa. Ele morava confortavelmente num bom apartamento, tinha fiéis amigos e uma família boa. Não tinha por que o elemento estar em depressão.

Nem preciso dizer que eu rebati que o ridículo da história era o meu próprio amigo, que se achava no direito de julgar a situação do garoto pela simplista percepção que tinha da vida dele. Às vezes ele poderia estar passando por problemas familiares; talvez outros conflitos ainda mais pessoais que não estivesse compartilhando; ou até mesmo alguma pré-disposição genética a estar deprimido. Ele não sabia e talvez nem tivesse como saber.

O fato é que muitas pessoas não estão preocupadas em entender as outras. Mesmo assim, elas se sentem no direito de eleger que o outro está exagerando em suas reações às coisas, se apegando a meros fragmentos de verdade, que não são a verdade inteira. É muito fácil dizer "qualé, isso não é grandes coisas..." ou "deixa de preguiça, levanta dessa cama e vai viver sua vida" ou coisa do tipo, quando não é você que está lá, sentindo o que está sentindo.

Eu sei, porque eu já passei por coisa semelhante. Não foram poucos os dias que só levantava da cama para ir no banheiro e, mesmo assim, só quando estivesse o mais apertado possível. E não era preguiça e nem mimimi. Não mesmo.

Eu tive a sorte de, à época, ter dois amigos muito especiais que tiveram a sensibilidade de dar apoio e carregar no colo ou então ser firmes e dar "tapas na cara" quando necessário, fazendo-me enxergar melhor as coisas e ajudando-me a construir as minhas forças para sair daquela situação, coisa que só eu mesmo poderia fazer.

Não cheguei a ir num psiquiatra, então nunca fui diagnosticado com depressão. Por isso eu digo que "passei por coisa semelhante". Não tenho certeza se foi isso mesmo. Mas eu sei muito bem que não se deve julgar as pessoas tomando por pressuposto as opiniões próprias que às vezes são completamente alheias às realidades da pessoa em julgamento.

Aliás... minorias, como nós, os homossexuais, deveriam saber disso melhor que qualquer um.

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Então, galera, por hoje é só!


Beijos, abraços e felizes 15 dias restantes de mundo!