quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Coisas da Vida: Sobre depressão e julgamentos


É tão fácil falar e dar pitaco sobre a vida dos outros! É claro. Retirando do contexto maior, tudo fica muito simples. Mas não há como simplesmente isolar um fato de todo o resto da existência e fingir que é só isso.

Não tem muito a ver com a postagem, mas eu estava com essa música na cabeça, então aqui está, caso queiram ouvir enquanto leem a postagem

Um amigo estava conversando comigo há alguns meses sobre um outro amigo dele que dizia estar em depressão e como era ridículo o cara dizer estar deprimido, quando a vida dele era tão boa. Ele morava confortavelmente num bom apartamento, tinha fiéis amigos e uma família boa. Não tinha por que o elemento estar em depressão.

Nem preciso dizer que eu rebati que o ridículo da história era o meu próprio amigo, que se achava no direito de julgar a situação do garoto pela simplista percepção que tinha da vida dele. Às vezes ele poderia estar passando por problemas familiares; talvez outros conflitos ainda mais pessoais que não estivesse compartilhando; ou até mesmo alguma pré-disposição genética a estar deprimido. Ele não sabia e talvez nem tivesse como saber.

O fato é que muitas pessoas não estão preocupadas em entender as outras. Mesmo assim, elas se sentem no direito de eleger que o outro está exagerando em suas reações às coisas, se apegando a meros fragmentos de verdade, que não são a verdade inteira. É muito fácil dizer "qualé, isso não é grandes coisas..." ou "deixa de preguiça, levanta dessa cama e vai viver sua vida" ou coisa do tipo, quando não é você que está lá, sentindo o que está sentindo.

Eu sei, porque eu já passei por coisa semelhante. Não foram poucos os dias que só levantava da cama para ir no banheiro e, mesmo assim, só quando estivesse o mais apertado possível. E não era preguiça e nem mimimi. Não mesmo.

Eu tive a sorte de, à época, ter dois amigos muito especiais que tiveram a sensibilidade de dar apoio e carregar no colo ou então ser firmes e dar "tapas na cara" quando necessário, fazendo-me enxergar melhor as coisas e ajudando-me a construir as minhas forças para sair daquela situação, coisa que só eu mesmo poderia fazer.

Não cheguei a ir num psiquiatra, então nunca fui diagnosticado com depressão. Por isso eu digo que "passei por coisa semelhante". Não tenho certeza se foi isso mesmo. Mas eu sei muito bem que não se deve julgar as pessoas tomando por pressuposto as opiniões próprias que às vezes são completamente alheias às realidades da pessoa em julgamento.

Aliás... minorias, como nós, os homossexuais, deveriam saber disso melhor que qualquer um.

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Então, galera, por hoje é só!


Beijos, abraços e felizes 15 dias restantes de mundo!

4 comentários:

  1. É companheiro, as pessoas padecem, bem alimentadas, bem acompanhadas ou não.
    Dia 21 teremos o solstício de verão no hemisfério sul, e nada mais.

    Abç,

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    1. Pois é. Todos temos um calcanhar de Aquiles, mas raramente é o calcanhar.
      Abraço!

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  2. Fora que as redes sociais ajudam muito a criar perfis "julgativos" das pessoas. Facebook, Orkut, sempre queremos passar imagens positivas das nossas vidas e quem tá de fora acredita que somos o tempo todo assim, imunes a situações como a própria depressão.

    É uma pena que o tempo está passando e as relações humanas estão diminuindo...

    Abraços!

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    1. Realmente. Acho uma pena enorme que hoje as relações humanas estejam se reduzindo cada vez mais a "proxys", como redes sociais ou aplicativos nos smartphones.
      Eu mesmo, por mais tímido que eu seja e por mais difícil que seja pra mim, prefiro o mano a mano mesmo.
      Abraço!

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